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Ligas e times femininos: o que as MULHERES pensam sobre isso?

Com acontecimentos recentes, renasce a discussão sobre a criação de ligas e times femininos de e-sports. Mas o que de fato as mulheres pensam sobre isso?

Convidamos algumas mulheres da nossa comunidade para falar sobre tema.


 
“A criação e desenvolvimento do cenário competitivo de League of Legends acontece como um fenômeno mundial marcante e contínuo, apresentando em sua maioria times exclusivamente masculinos. A representatividade feminina foi cada vez mais se mostrando uma questão muito importante e necessária no contexto do e-sports, uma vez que o preconceito está presente em todas as modalidades e a busca pelo espaço da mulher no cenário vem se mostrando tóxica e exaustiva. Infelizmente, uma das consequências das inúmeras tentativas falhas de criar times mistos, em que homens e mulheres jogam juntos, é o surgimento de times exclusivamente femininos e assim de um cenário a parte que acaba contando com um público reduzido e de menor visibilidade. Essa segregação entre os sexos acaba alimentando o pensamento que categoriza as jogadoras mulheres como inferiores e incapazes de disputar campeonatos no mesmo nível que jogadores homens, criando situações desagradáveis que acabam desencorajando o público feminino a tentar ingressar em um ambiente mais competitivo.
O que falta para tornar o atual cenário competitivo apropriado e acessível para mulheres é o respeito e confiança por parte dos demais jogadores e do público, desenvolvendo assim a estrutura necessária e oferecendo oportunidades iguais a todos os jogadores e jogadoras.

Bárbara, 20 anos, jogo League of Legends desde 2012. Jogo competitivamente desde 2015, quando atuei em alguns times pequenos e participei de campeonatos regionais, como o presente no Shinobi Spirit. Em 2017, entrei como ad carry titular no time da atlética de exatas (AAACE) da UFPR, a GoldenCaps, onde tive a oportunidade de jogar as qualificatórias para os principais campeonatos do competitivo universitário, o TUES e a LUE. Atualmente jogo como um dos ad carry titulares do time da Burning Bunnies, criado pela UFPR CWBurn.

“Sempre tive uma boa relação com meninos, preferia brincar com eles do que com as meninas, principalmente por minha convivência com meu irmão mais velho. Dito isso acredito que esse ambiente masculino de e-sports e sua aderência depende de como a pessoa irá se sentir. A criação de times exclusivamente femininos é muito importante para que haja um espaço de maior respeito e visibilidade para as meninas. Muitas acabam desistindo ou nem entrando no mundo dos jogos por ser um ambiente machista, tóxico e hostil. Principalmente por não terem um espaço e reconhecimento nesse mundo.
Particularmente eu prefiro estar entre os meninos como uma igual entre eles, mas isso depende muito do time e onde você quer chegar. E mesmo assim, estar em um time feminino é totalmente diferente, trocar conhecimento com outras meninas que estão no mesmo meio em que você, maior respeito e acolhimento da parte delas.”

Nicole Folmann Lima, 20 anos, estudo Química (UTFPR) e Nutrição (UTP). Jogo League of Legends desde a season 2. Em 2017 entrei para o time da UTFPR Azure Jays como parte da Academy, fomos juntos para São Paulo onde o time competiu a final do TUES e ficou em segundo lugar estando entre os melhores times universitários do Brasil. Logo depois entrei como Manager do time auxiliando o novo Coach dos EUA a se comunicar com o time. Por motivos de falta de tempo acabei me desvinculando do time. Já participei de campeonatos em ambos times exclusivamente femininos e a maioria masculino apenas comigo de representante feminina.


"Desde muito cedo estive imersa nos jogos. Sejam de video-games ou jogos de computador. Quando menor, meu sonho era jogar profissionalmente CS 1.6, na época, as lan-houses eram cheias, cheias de homem. Os campeonatos eram cheios, cheios de homem. A perspectiva de futuro era pequena, pois o cenário sempre foi masculino e era difícil se inserir no meio. Tive oportunidade de conhecer algumas mulheres incríveis que também tentaram carreira na época e não conseguiram, não por falta de habilidade e sim por um certo favoritismo que existia naquela época. Com o passar do tempo, vi times femininos se concretizando e isso foi a coisa mais incrível que aconteceu pra mim. Elas existiam, quebravam os preconceitos e lutavam por aquilo que queriam, coisa que na época não era fácil. Eu via as meninas do MIBR feminino, e sonhava estar no lugar delas, me inspirava, da mesma maneira que muitos se inspiravam no cogu por exemplo. A importância, pra mim, é justamente essa. É você ter representatividade. Como mulher, sabemos os caminhos difíceis que temos que trilhar, os obstáculos que existem e a criação de liga feminina pra mim é mais um caminho que estamos abrindo para que novas mulheres possam andar tranquilamente."

Lorena, 23 anos, atualmente faço Design Gráfico na UTFPR. Jogo desde os 8 anos, atualmente jogo apenas World of Warcraft e me divirto no CSGO, LoL e jogos da temporada. Faço stream também (www.twitch.tv/pkna1).


Me lembro até hoje do primeiro videogame que eu ganhei. Um nintendinho algumas fitas incluindo Mario World, Mario Kart, SuperstarSoccer... Depois desse vieram o PS2, o GameBoy, o Wii, o NintendoDS, o Xbox360 e finalmente o todo glorioso PC. Sempre fui apaixonada por videogames, e o único motivo que me proporcionou essa experiência foi ter um irmão, afinal de contas, os videogames eram sempre pra ele. Lembro até hoje como eu tinha que implorar e convencer ele a pedir os jogos que eu queria de presente de aniversário ou de natal, uma vez que isso não é coisa pra uma menina pedir, não é mesmo?
Quantas meninas não tiveram a mesma oportunidade que eu, e que deixaram uma paixão morrer graças a cultura de que jogos são para meninos? A falta de mulheres no cenário competitivo de e-sports hoje em dia nada mais é do que um reflexo da sociedade sexista em que vivemos, onde as poucas mulheres que jogam ainda devem aturar comentários machistas como o famoso "vai lavar uma louça".
A criação de times femininos, ou até mesmo times mistos, é importante sim, para mostrar que videogame é coisa de menina também! Merecemos reconhecimento, merecemos respeito. Não é sem fazer nada, sem protestar e sem aparecer que vamos acabar com a toxidade nos servidores de jogos online. Times com jogadoras mulheres servem para mostrar para todos que uma menina não é estranha, ou diferente, por gostar de videogames. Pra nenhuma garota ter de evitar usar nicks femininos para não chamar a atenção, não ser xingada ou até mesmo sofrer assédio única e exclusivamente graças ao seu sexo. Lugar de mulher é onde ela quiser.

Beatrice, 21 anos, eterna jogadora de RPGs, possivelmente uma das maiores fãs de Elder Scrolls e Zelda que já existiu. Suporte do falecido Time Azul do C7, hoje conhecido como Rengatinhos.

@beatrc.schmidt (insta) | Sailor Guaxinim (lol) | Crimson Helm (steam)


“A criação de ligas e times exclusivamente para mulheres abre margem para uma discussão necessária. Existe o argumento de que não há nenhum impedimento físico para as mulheres competirem contra os homens, e de fato, não há. Mas é preciso olhar para outras questões, pois não estamos em iguais condições.
Acredito que essa comunidade majoritariamente masculina vem de problemas estruturais, desde a separação de que jogos são ‘coisas de menino’ até o estímulo em atividades competitivas no geral (meninos são mais incentivados a praticar e competir nos esportes na infância, enquanto as meninas ficam com outras atividades não competitivas).
Aos poucos estamos nos desvinculando disso, mas ainda vai demorar muito até estarmos próximos do nível uniforme de comunidade.
A criação de ligas e times para mulheres é, na minha opinião, necessária para o estímulo dessas atividades, visando um ambiente menos desigual, menos machista e desassociando estereótipos. Porém acredito que deva acontecer de forma paralela à liga mista, com caráter ‘academy’, no sentido de ensinar e incentivar mais mulheres a entrarem no cenário, sem prejudicar as meninas que já jogam em alto nível.
É necessário também um certo cuidado com esse tipo de prática, o que faltou no time da Vaevictis, por exemplo, onde as meninas foram colocadas em uma liga na qual não estavam no mesmo nível de competitividade, deixando-as em uma situação complicada que ajudou a reforçar ideias machistas que infelizmente existem na comunidade.
A criação de times e ligas para mulheres deve existir, mas de forma temporária e de caráter didático, com objetivo de incluir, motivar e incentivar para que futuramente possamos ter ligas mistas com nível muito próximo em termos de competitividade e representatividade.”

Amanda Zanluca, 22 anos, estudo Economia na UFPR. Jogo League of Legends desde a season 4, fui coordenadora de e-sports da AAACE - Imortais e atualmente sou Coordenadora Geral da UFPR CWBurn, clube de e-sports que tem por objetivo promover campeonatos e eventos na universidade.

Ign: C9 SowiloRune | twitter: @sowilor



"Sobre a criação de times ou ligas exclusivamente femininas no cenário de e-sports é de extrema importância. Cada vez mais as mulheres tem jogado e em muitos momentos são desmerecidas, sofrem preconceito de forma aberta. A criação desses times e ligas ajudaria a contribuir para as pessoas poderem abrir a mente em relação a participação das mulheres nos jogos, mostrando que as mulheres também tem a capacidade. Existem times mistos mas mesmo dentro do próprio time, a mulher ainda sofre muito preconceito dos seus próprios companheiros."

Nathalia Akemi, 20 anos, sou estudante de Psicologia. Atualmente acompanho times de League of Legends universitários, sendo a RedRex e a Burning Bunnies. Jogo faz 1 ano e meio League of Legends e entre outros jogos.

 

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Créditos da imagem da capa: https://www.youtube.com/watch?v=7WOOmOEvnDk



 
 
 

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